segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Brasil e as perdas de seus valores culturais (materiais e humanos)

Acabei de ver no fantástico hoje, uma menina-prodígio, de 10 anos somente, dar um show de piano numa apresentação dos queridos Zezé de camargo & Luciano, em São Paulo. Resumo dessa família: pai desempregado, menina sem piano em casa, e um dom fluente que jorra de suas mãos e mente espetaculares. Ela é de Pernambuco e aí alguém pode pensar, ah!, o governo pernambucano já a ajuda. Ledo engano, ela estaria perdida se a Globo não a buscasse e a apresentasse ao mundo, literalmente. Quem lhe presenteou com um piano? O governo de Pernambuco? Nunquinha, foram os irmãos cantores supramencionados.

Esse é só um caso isolado de desperdício ou de descaso de grandes materiais humanos brasileiros. vide outros: os nossos atletas olímpicos, que praticamente precisam passar o chapéu para ganhar algumas migalhas para serem patrocinados. Isso no campo humano, intelectual. Quem não sabe o que é a Catira para Goiás? Quem não sabe o que é Tambor de Mina e tambor de Crioula, para os maranhenses?  E certamente os boleadores gaúchos, dos nossos pampas queridos?   Quem os incentiva a continuar a tradição? Os governos? Não mesmo, mas o que custa isso? Selecionar, por exemplo, em cada estado, os expoentes ou os interessados nessas áreas, para que sejam perpetuadas as tradições. O que é uma nação, um estado sem tradição, sem lembrança, sem tipificidade musical, cultural ou esportiva? É corpo sem alma, é carro sem motor...  Suplico aos nosso governantes brasileiros, presidentes, governadores, prefeitos, que não deixem morrer as tradições. O custo-benefício é gigantescamente positivo para esse País, para os estados, para os municípios. Sugiro uma bolsa cultural, por exemplo, pois só assim os mais jovens tomariam para si as tradições dos mais velhos, não se deixariam dominar pela ociosidade e pelo mais fácil, que andam tão mais fáceis, nas ruas: as drogas, as noitadas, e até os furtos...

No campo puramente material, é hora de falar dos monumentos, que em certos lugares, estão tombando e não tombados, como deveriam ser. Digo isso com certa autoridade de maranhense que sou, pois na minha querida Ilha dos Amores, talvez só de amor ainda se viva, pois diferente do que foi feito na Bahia, que os donos dos prédios velhos foram colocados "na parede", tais prédios foram remodelados sob pena de serem tomados a bem da sociedade e da própria cidade. É muito triste passear pela "Atenas Brasileira", onde a cultura e os poetas pupulavam e abundavam e ainda sobram por lá, mas que os casarios ameaçam cair sob nossas cabeças, de tanto descaso e descuido. Pulso forte e vontade de fazer de nossa Ilha, a Ilha do Amor e das maravilhas arquitetônicas, que a ONUSCO insiste em manter como tal (Patrimônio da Humanidade). 

Outro dia, fiquei dos mais felizes, vendo uma ação da prefeitura de Goiânia, em demolir um prédio velho perto de minha residência, uma antiga boîte, antigamente servindo de antro de malfeitores e drogados e de, infelizmente, sem-tetos. No mais, por hoje é isso...

Um comentário:

  1. Como esta menina, a centenas de milhares espalhados pelo mundo todo. Infelizmente, muitos não tem oportunidades.
    Assim, logo o seu brilho é ofuscado perante a multidão.
    Também vi a reportagem, realmente uma mocinha talentosa!

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